quarta-feira, 8 de julho de 2009

CABALA


O que é cabala?
Cabala quer dizer tradição, legada de pai para filho, de um tempo a outro, tradicionalmente de forma oral. Aquilo a que os Judeus tradicionalmente chamam Cabala não é um conhecimento rigidamente encastelado em algum lugar na Torá ou nos textos medievais espanhóis, ela origina-se no Zoroastrismo e nos cultos da Babilônia, na cultura de povos semitas arrebatados durante a fuga do Egito, cujas as tradições foram ordenadas e transcritas supostamente por Moisés. Encontram paralelos em outras culturas da mesma época e podem ser rastreadas no tempo.
Do ponto de vista cultural, sociológico ou antropológico a tradição de um povo naturalmente transfere-se a outro, ganha novas facetas e novas cores sem no entanto negar suas origens, se não é a Cabala Hebraica, torna-se a cristã ou espiritualista, ninguém é dono dos rumos de uma tradição religiosa, pois as religiões são sempre de uma forma ou outra originadas em outras religiões e tradições.
O termo Cabala, CABALAH, KABALAH ou outra grafia que lhe agradar não pertence mais ao hebraico nem seus conhecimentos são posse do Judaísmo, somente as conclusões do judaísmo o são.
O mundo evolui, as culturas crescem e se multiplicam em formas e lugares, entendemos a necessidade de manutenção da pureza ética e doutrinária das religiões oficiais, mas que se cuide apenas do que é de seu direito doutrinário e ético respeitando-se as demais.

Assim como os judeus, cristãos, espíritas e espiritualistas cristãos também se dedicam ao estudo da
CABALA, evidentemente cada qual segundo suas visões de realidade.É certo, para nós umbandistas, é possível reencarnar infinitas vezes, porém assim como para os judeus não é possível voltar no que se entende por "estágio evolutivo da alma", uma vez que subidos os degraus para o Paraíso deles não podemos descer, quando muito podemos abdicar da caminhada mas isso significa errar no mesmo estágio, veja que o errante, o desterrado essencialmente erra..., peca contra seu compromisso diante de si e do Criador. Reaver o Paraíso perdido é sempre uma meta, uma intenção em direção ao mais puro e perfeito de nós em nós mesmos. O DAAT não é em lugar ou espaço a ser preenchido, é a possibilidade de integração do ser pequenino da personalidade individualizada para plenitude do Ser maior integrado na comunhão perfeita com o Todo. A isso poderíamos chamar ressurreição, não da carne comum deste plano, que nem admitimos como nosso, pois nossa morada é CHESED (חסד), nosso reino é TIPHERED (תיפארת), MALKUT (מלכת) é somente nosso campo de atuação. Ressureição para nós se traduz por reintegração, é para todos os fins recompor-se em todos os níveis, inclusive o físico, numa nova natureza.

O PRINCÍPIO MODERADOR



O MAGO

O que é magia?
Seria um mago um super-homem ou um ilusionista?

No Tarô, bem como na vida, O Mago é um moderador de forças, uma ponte entre realidades distintas, e apesar da lâmina indicar atividade e movimento ( polaridade positiva ), também é uma figura simetricamente disposta indicando assim neutralidade.

Um braço toma do Eter a Essência que, aliada a destreza e a inteligencia do operador mágico, irradiará luz e calor para a matéria, equilibrando e harmonizando as antíteses ESPÍRITO X MATÉRIA ou, se desejar, ARQUÉTIPO X ELEMENTOS MATERIAIS, bem como ordenando e estruturando tudo em seu ambiente.

O braço erguido opõe-se ao que se estende à mesa, ambos harmonizados pelo corpo que os une (א ).

Entendemos os braços como extremos em uma gangorra e o ronco como eixo cujo fiel é a cabeça. Um braço recebe o impulso, que apoiado no corpo e direcionado pela cabeça até o outro braço, se individualiza em fluxos ordenados de energia, ativando os elementos naturais a realizar trabalho. Na verdade não foi o braço esquerdo nem o direito a trabalhar, nem se moveu o tronco, para a cabeça coube intencionar direcionando o fluxo.

Onde está o movimento, o trabalho?

No ambiente. O verdadeiro Mago é aquele que investido do poder de Deus, utiliza a inteligência em múltiplas formas para realizar a Vontade Criadora.

Sempre atento, identifica os elementos e os harmoniza, afasta e aproxima, muda as direções e as velocidades, utilizando-se dos conhecimentos das leis naturais e da percepção do MOMENTUM mágico ( exato tempo, oportunidade e local para o magismo ), sem porém realizar trabalho ou movimento.

O Mago identifica os pontos onde certas leis se encontram, se tangenciam ou interagem, colocando-se como apoio para tais forças, utilizando o que já existe em articulações que mudam a natureza das coisas.

É a Pedra Filosofal dos processos alquímicos, o harmonizador, o catalizador de forças e energias do Universo para o processo de evolução da Criação.

Em tudo fisicamente passivo, em tudo mentalmente ativo, processando e animando os sistemas existentes, sendo assim, sempre neutro diante do Cosmos.

Consciente de que não possui nem poder, nem força, pois estes vêm do Pai, nem os prodígios ou atividade, estas pertencem às coisas, mas sim possui a inteligência que canaliza, como fios que ligam uma central elétrica às lâmpadas às casas.

Falemos agora um pouco dos elementos que compõem a lâmina.

a) Bastão: Simboliza o fogo que ilumina, a ligação do homem com Deus, o alimento da alma.
Erguido, ele é o ponto de apoio de todo e qualquer processo mágico. Como prolongamento do corpo elevado acimada cabeça, simboliza o falo inseminador de idéias criadoras, de vontade e poder realizador. Acumulando energia e a irradiando para o braço. Uma vara de condão.
è de madeira (nogueira) com quatro ramos cortados, representa a ligação do Logos como os quatro elementos, ou de ouro com duas pedras coloridas: uma azul e outra vermelha:

. a pedra azul: o poder mental mais elevado - O CRIADOR;
. a pedra vermelha: a forma mais densa e concreta - A CRIATURA;
. o bastão dourado: a sabedoria resultante do equilíbrio entre os dois pólos ESSÊNCIA CRIATIVA.

b) Braço esquerdo: esquerdo por ter polaridade negativa, passiva e receptiva, é o braço que recebeo fluxo energético criador e direciona aos ombros onde se apóia a cabeça.

c) Braço direito: direito por ter polaridade positiva, ativa, doadora, é o braço que recebendo o fluxo criador já objetivado pela vontade, doa sua energia e luz a toda a forma.

d) Cabeça: como fiel em uma balança, ela aponta a direção, intensidade e objetivo da energia que ativando os elementos produzirá trabalho.

e) Tronco: como eixo de toda a figura, determina o ponto exato onde a alma se apoia para erguer o corpo inspirado pelo espírito.

f) O signo do infinito: uma alusão ao fato de tudo só se operar pelo poder, força e vontade do Pai, inspirando o homeme a realizar seus prodígios.

g) Fita e o lenço da cabeça: signo da mente inspirada, ordenando a vontade da cabeça.

h) Peito nu: a verdade, a inocência e o despudor dos puros.

i) Cinto de ouro e as vestes: análogo à fita de ouro na cabeça, aqui vemos a resultante da vontade inspiradora inundando a criação de forma casta.

j) Cubo: expressão de um estado de condensação da matéria - O ASTRAL.
Um quadrado indicaria a matéria em suas quatro manifestações. Quadrados postos a formar um cubo mostram as possibilidades se arrumação da matéria em múltiplos planos de existência, a interseção de tais planos projeta ângulos e arestas que determinam as leis naturais comuns a todos os planos.

Mostrar uma, duas ou mais faces do cubo é a possibilidade de prever variantes às Leis Universais, variantes estas pertencentes em grupo ou individualmente a cada um dos planos.
O cubo ocupa a parte inferior da figura, sustentando-se no chão e tendo na face de cima os elementos pertencentes a um dos planos, os quatro elementos - FOGO, AR, ÁGUA e TERRA.


em construção...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A ORIGEM



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O LOUCO E A ESSÊNCIA DO CAOS

Devemos entender este Arcano como algo indefinido, algo por ordenar, a essência do Caos.

Toda situação caótica admite certo padrão de ordem interna, seria o Caos um ponto que apenas está distante da compreensão comum? Podemos dizer que o Caos é algo não manifestado, inconsciente e turbulento?

Seria possível entender racionalmente a inexistência?
Existe um lugar onde haja vácuo essencial?
Faz-se necessária a exposição de alguns postulados:

  1. Na matemática o zero '0' define um conjunto fechado, vazio de elementos.
  2. Para a ciência não existe impossível, existe improvável ou indeterminado.
  3. 95% do que existe não pode ser percebido pelos sentidos ou medido pela ciência, a ciência chama, na maioria das vezes, de variáveis indeterminadas.
  4. Por definição o sujeito só é determinado na relação com o objeto

O Caos é o vislumbre do vazio deixado pela incapacidade de ordenar e articular as diferentes manifestações do Eu.

Um movimento é considerado caótico quando não estabelecemos um padrão.

O Eu na observação de si mesmo questiona, duvida, anseia, é essa a energia ativadora para a criação de um espaço para tudo o que não entende, uma caixa fechada dentro mas afastada de si, é lá que o ego vai brincar de blocos lógicos, organizando e construindo novas conexões que possam faze-lo sentir-se integrado em si. O espaço da dúvida permite sempre novas possibilidades viabilizando a criação de uma autoimagem, tornando-se o espelho para o Eu, o objeto ideal. Se o Eu nega, por qualquer razão, esta imagem espelhada, resulta em frustração e o reinício de todo o processo de identificação.

Todos nós aprendemos assim, crescemos através de nossas dúvidas, de nossos medos. Com o tempo aprendemos mecanismos pessoais de adaptação diante das dificuldades.

A loucura revela uma falha neste processo de identificação, alguma das conexões não se estabelece ou se dá de formas imprópria.

A lâmina dO Louco se revela no Tarô em dois momentos: como ativador inicial o Arcano 0 ou como redentor no Arcano 21, comporta-se como o coringa do baralho profano ( para alguns autores se adotamos O Louco como '0' o Arcano do Mundo torna-se 21, isso, em minha opinião, é um equívoco cabalístico; para outros é mais prático partir dO Mago 1 passando pelO Louco 21 fechando com O Mundo 22, isso gera omissões de significado ).

Do Caos para a ordem, da inconsciência ao entendimento, da escuridão à luz, proponho analisar a lâmina dO Louco do ponto de vista cabalístico como geradora do sistema sefirótico.


Vejamos item por item:


a) AS VESTES: Roupas tem como objetivo aquecer e proteger do tempo e esconder o corpo nu. No caso, as vestes estão rasgadas e sujas, concluímos que já não servem para nada, porém não são remendadas ou trocadas. Demonstra pouco asseio, despudor e descaso consigo mesmo.
È um manto ritual, com capuz que esconde o rosto.
De que serve um manto que está roto e sujo? Não é o manto uma expressão simbólica do interior do iniciado?
O conhecimento que traz já não lhe serve, é apenas uma capa rota e pesada que embaraça suas pernas e precisa ser abandonada.

b) O CAJADO: Um cajado é um instrumento de apoio que ajuda a caminhada, afasta as pedras e espinhos e pode ser usado como arma de defesa.
Simbolicamente, um cajado é o elemento de ligação entre o Poder Criador e a terra, este poder se manipulado por mãos hábeis semeia e frutifica, o tronco que cria raízes e se eleva aos céus.
Mas está em posição horizontal, ele não apoia, não protege, não ajuda e acaba por se tornar mais um fardo para carregar.
Aquele que tem o poder e não sabe usa-lo.

c) O CÃO: O instinto animal de preservação existe, tenta segura-lo, detê-lo. É inútil, as vestes se rasgam, a carne sangra, o cão se desespera, mas o iniciado ignora e ri do animal em sobressalto dançando frente ao abismo.
d) O ABISMO: A possibilidade de queda, ser tragado pela gravidade. O desejo de abandono, de falta de peso que proporciona a sensação de queda. A perda absoluta de referencial.
O suicídio, como se livrar de qualquer relação com a existência, a vontade desesperada de abdicar do peso da vida. O sentimento poderoso de abandono na morte. O mergulho do inconsciência, na loucura.
No entanto, no fundo do abismo, existe o dragão que tudo consome e destrói. È a visão da Besta do Apocalipse, sorvendo o sangue dos que caem, nutrindo-se da luz de suas almas, ele é a face do medo.

e) O FARDO ÀS COSTAS: O conhecimento guardado como o único pertence precioso, escondido oculto inerte.
Tudo que aprendemos se não posto em prática torna-se inútil, mesmo assim produz luz suficiente para iluminar todo o quadro, menos a face do iniciado.
Seu rosto envolto em um capuz ignora a luz e se volta para um ponto distante no firmamento. Ele procura a verdade se esquecendo que ela está no fundo de si mesmo e nas suas ações que iluminam o futuro.
A lâmina tem um tom levemente esverdeado e sombrio, uma visão muito marcada de pontos e arestas. Não existe nenhuma alusão às leis de frontalidade e perspectiva natural. O todo da figura demonstra uma total inversão de sentidos, como se tudo estivesse errado e confuso.


O SENTIDO MÍSTICO DA LETRA SHINש

A letra shin ש possui forma de forcado, fala de vir a ser. Um ponto prestes a se manifestar.

O forcado que mata a erva daninha e revolve o chão, misturando, arejando, fazendo fluir dos sulcos a água sobre a terra, inundando ambas de ar e luz para a semeadura.

Acharemos ש no centro da cruz do Cristo:

FOGO, AR, ÁGUA, TERRA = I E V E ,י ה ו ה , nome de Deus,

FOGO, AR, SHIN, ÁGUA, TERRA = I E SH U E ,י ה ש ו ה , o Messias.


A barra vertical da cruz é ativa, mental, masculina, a horizontal é passiva, física, feminina.
ש ou ponto zero '0' do sistema cartesiano é o harmonizador, redentor, o que vem, para através de Sua essência mudar a natureza de todas as coisas. Aquele que nos arranca da morte e nos apresenta a Vida Eterna. O comandante dos elementos e de toda a criação. O Filho e a presença do Criador na terra.
ש contém o mistério do Salvador.

terça-feira, 23 de junho de 2009

TARÔ

Que Tarô usar
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Uso o que tiver à mão, as cartas para mim são um portal para a percepção, via de regra qualquer coisa pode tomar este papel: copo com água, borra de café, búzios, pedras roladas. O oráculo é o ente para quem dirigimos nossas questões. Através da concentração e meditação correta, adquirida pelo estudo ou inspirada, ele usa sua mente para fazer a ponte entre a questão e a resposta tendo como alfabeto o instrumento que mais se molda a si, no meu caso o Tarô, e como linguagem sua psique.

Intuição ou técnica?

Sem a intuição não se anda, mas sem a devida preparação, técnica e disciplina ficamos vulneráveis ao erro e a fontes enganosas e deletérias, podemos ser veículos de vertentes menos nobres e mau intencionadas com graves consequências para o consulente e tenebrosas para o oráculo. Um oráculo deve sempre procurar estar INTEIRO e consciente do seu ambiente, de seu universo.

Cobrar ou não cobrar consultas?

Depende do compromisso do que se propõe como oráculo. Se seu compromisso é com a caridade não cobrará, se o compromisso é com a vida material deverá cobrar.

Talvez tão importante quanto isso é assegurar-se de que fonte está emanando suas respostas, como pedir que estas mudem suas naturezas? De que necessitam pra melhor desempenharem o papel desejado? É necessária uma dose muito grande de honestidade consigo e de firmeza com suas escolhas pessoais.


É possível descobrir a deusa ou o deus interno através do Tarô

Descobrir seu Deus ou Deusa tem haver na descoberta da força
primordial e divina que rege sua existência e foi responsável pelo cimento de que somos feitos em cada plano da existência, desde a Centelha Divina até a orientação que assumirá um fato específico da vida material.
O Tarô, qualquer Tarô, corretamente observado será capaz de responder a esta questão se, e somente se, esta informaçã
o for disponível ao oráculo por seu grau e ao consulente por sua necessidade e merecimento.
Tal conhecimento pode abrir as portas do céu ou enterrar ambos.
Arcano e arrogância
Aquele que sabe, sabe que nada sabe.
As buscas às quais nos dedicamos são pessoais e suas conclusões também.
Cartas de Tarô e Orixás são arcanos, orbitam o mesmo universo e no que diz respeito aos seguidores dos cultos afro-brasileiros e Umbanda, se estudiosos do Tarô, é perfeitamente possível fazer pontes entre uma coisa e outra, mas veja que o Tarô é um oráculo, um instrumento para a comunicação com o mais profundo de nós, já os cultos e religiões são sistemas de tradições com objetivos mais amplos onde os instrumentos somos nós.
Na psique humana todas as relações são possíveis, tudo se dá com tudo, se penso na carta da Justiça vem a mim a lembrança: Xangô, mas para você pode ser outro Orixá, o que importa é que isso funcione para você e aquilo para mim e a possibilidade do estudo isento, de mentes abertas a novas conexões que propõem fóruns como este.
Ser douto nestes campos pode significar pouca sabedoria e muita arrogância, peço um pouco de comedimento e reflexão.