quinta-feira, 25 de junho de 2009

A ORIGEM



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O LOUCO E A ESSÊNCIA DO CAOS

Devemos entender este Arcano como algo indefinido, algo por ordenar, a essência do Caos.

Toda situação caótica admite certo padrão de ordem interna, seria o Caos um ponto que apenas está distante da compreensão comum? Podemos dizer que o Caos é algo não manifestado, inconsciente e turbulento?

Seria possível entender racionalmente a inexistência?
Existe um lugar onde haja vácuo essencial?
Faz-se necessária a exposição de alguns postulados:

  1. Na matemática o zero '0' define um conjunto fechado, vazio de elementos.
  2. Para a ciência não existe impossível, existe improvável ou indeterminado.
  3. 95% do que existe não pode ser percebido pelos sentidos ou medido pela ciência, a ciência chama, na maioria das vezes, de variáveis indeterminadas.
  4. Por definição o sujeito só é determinado na relação com o objeto

O Caos é o vislumbre do vazio deixado pela incapacidade de ordenar e articular as diferentes manifestações do Eu.

Um movimento é considerado caótico quando não estabelecemos um padrão.

O Eu na observação de si mesmo questiona, duvida, anseia, é essa a energia ativadora para a criação de um espaço para tudo o que não entende, uma caixa fechada dentro mas afastada de si, é lá que o ego vai brincar de blocos lógicos, organizando e construindo novas conexões que possam faze-lo sentir-se integrado em si. O espaço da dúvida permite sempre novas possibilidades viabilizando a criação de uma autoimagem, tornando-se o espelho para o Eu, o objeto ideal. Se o Eu nega, por qualquer razão, esta imagem espelhada, resulta em frustração e o reinício de todo o processo de identificação.

Todos nós aprendemos assim, crescemos através de nossas dúvidas, de nossos medos. Com o tempo aprendemos mecanismos pessoais de adaptação diante das dificuldades.

A loucura revela uma falha neste processo de identificação, alguma das conexões não se estabelece ou se dá de formas imprópria.

A lâmina dO Louco se revela no Tarô em dois momentos: como ativador inicial o Arcano 0 ou como redentor no Arcano 21, comporta-se como o coringa do baralho profano ( para alguns autores se adotamos O Louco como '0' o Arcano do Mundo torna-se 21, isso, em minha opinião, é um equívoco cabalístico; para outros é mais prático partir dO Mago 1 passando pelO Louco 21 fechando com O Mundo 22, isso gera omissões de significado ).

Do Caos para a ordem, da inconsciência ao entendimento, da escuridão à luz, proponho analisar a lâmina dO Louco do ponto de vista cabalístico como geradora do sistema sefirótico.


Vejamos item por item:


a) AS VESTES: Roupas tem como objetivo aquecer e proteger do tempo e esconder o corpo nu. No caso, as vestes estão rasgadas e sujas, concluímos que já não servem para nada, porém não são remendadas ou trocadas. Demonstra pouco asseio, despudor e descaso consigo mesmo.
È um manto ritual, com capuz que esconde o rosto.
De que serve um manto que está roto e sujo? Não é o manto uma expressão simbólica do interior do iniciado?
O conhecimento que traz já não lhe serve, é apenas uma capa rota e pesada que embaraça suas pernas e precisa ser abandonada.

b) O CAJADO: Um cajado é um instrumento de apoio que ajuda a caminhada, afasta as pedras e espinhos e pode ser usado como arma de defesa.
Simbolicamente, um cajado é o elemento de ligação entre o Poder Criador e a terra, este poder se manipulado por mãos hábeis semeia e frutifica, o tronco que cria raízes e se eleva aos céus.
Mas está em posição horizontal, ele não apoia, não protege, não ajuda e acaba por se tornar mais um fardo para carregar.
Aquele que tem o poder e não sabe usa-lo.

c) O CÃO: O instinto animal de preservação existe, tenta segura-lo, detê-lo. É inútil, as vestes se rasgam, a carne sangra, o cão se desespera, mas o iniciado ignora e ri do animal em sobressalto dançando frente ao abismo.
d) O ABISMO: A possibilidade de queda, ser tragado pela gravidade. O desejo de abandono, de falta de peso que proporciona a sensação de queda. A perda absoluta de referencial.
O suicídio, como se livrar de qualquer relação com a existência, a vontade desesperada de abdicar do peso da vida. O sentimento poderoso de abandono na morte. O mergulho do inconsciência, na loucura.
No entanto, no fundo do abismo, existe o dragão que tudo consome e destrói. È a visão da Besta do Apocalipse, sorvendo o sangue dos que caem, nutrindo-se da luz de suas almas, ele é a face do medo.

e) O FARDO ÀS COSTAS: O conhecimento guardado como o único pertence precioso, escondido oculto inerte.
Tudo que aprendemos se não posto em prática torna-se inútil, mesmo assim produz luz suficiente para iluminar todo o quadro, menos a face do iniciado.
Seu rosto envolto em um capuz ignora a luz e se volta para um ponto distante no firmamento. Ele procura a verdade se esquecendo que ela está no fundo de si mesmo e nas suas ações que iluminam o futuro.
A lâmina tem um tom levemente esverdeado e sombrio, uma visão muito marcada de pontos e arestas. Não existe nenhuma alusão às leis de frontalidade e perspectiva natural. O todo da figura demonstra uma total inversão de sentidos, como se tudo estivesse errado e confuso.


O SENTIDO MÍSTICO DA LETRA SHINש

A letra shin ש possui forma de forcado, fala de vir a ser. Um ponto prestes a se manifestar.

O forcado que mata a erva daninha e revolve o chão, misturando, arejando, fazendo fluir dos sulcos a água sobre a terra, inundando ambas de ar e luz para a semeadura.

Acharemos ש no centro da cruz do Cristo:

FOGO, AR, ÁGUA, TERRA = I E V E ,י ה ו ה , nome de Deus,

FOGO, AR, SHIN, ÁGUA, TERRA = I E SH U E ,י ה ש ו ה , o Messias.


A barra vertical da cruz é ativa, mental, masculina, a horizontal é passiva, física, feminina.
ש ou ponto zero '0' do sistema cartesiano é o harmonizador, redentor, o que vem, para através de Sua essência mudar a natureza de todas as coisas. Aquele que nos arranca da morte e nos apresenta a Vida Eterna. O comandante dos elementos e de toda a criação. O Filho e a presença do Criador na terra.
ש contém o mistério do Salvador.

terça-feira, 23 de junho de 2009

TARÔ

Que Tarô usar
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Uso o que tiver à mão, as cartas para mim são um portal para a percepção, via de regra qualquer coisa pode tomar este papel: copo com água, borra de café, búzios, pedras roladas. O oráculo é o ente para quem dirigimos nossas questões. Através da concentração e meditação correta, adquirida pelo estudo ou inspirada, ele usa sua mente para fazer a ponte entre a questão e a resposta tendo como alfabeto o instrumento que mais se molda a si, no meu caso o Tarô, e como linguagem sua psique.

Intuição ou técnica?

Sem a intuição não se anda, mas sem a devida preparação, técnica e disciplina ficamos vulneráveis ao erro e a fontes enganosas e deletérias, podemos ser veículos de vertentes menos nobres e mau intencionadas com graves consequências para o consulente e tenebrosas para o oráculo. Um oráculo deve sempre procurar estar INTEIRO e consciente do seu ambiente, de seu universo.

Cobrar ou não cobrar consultas?

Depende do compromisso do que se propõe como oráculo. Se seu compromisso é com a caridade não cobrará, se o compromisso é com a vida material deverá cobrar.

Talvez tão importante quanto isso é assegurar-se de que fonte está emanando suas respostas, como pedir que estas mudem suas naturezas? De que necessitam pra melhor desempenharem o papel desejado? É necessária uma dose muito grande de honestidade consigo e de firmeza com suas escolhas pessoais.


É possível descobrir a deusa ou o deus interno através do Tarô

Descobrir seu Deus ou Deusa tem haver na descoberta da força
primordial e divina que rege sua existência e foi responsável pelo cimento de que somos feitos em cada plano da existência, desde a Centelha Divina até a orientação que assumirá um fato específico da vida material.
O Tarô, qualquer Tarô, corretamente observado será capaz de responder a esta questão se, e somente se, esta informaçã
o for disponível ao oráculo por seu grau e ao consulente por sua necessidade e merecimento.
Tal conhecimento pode abrir as portas do céu ou enterrar ambos.
Arcano e arrogância
Aquele que sabe, sabe que nada sabe.
As buscas às quais nos dedicamos são pessoais e suas conclusões também.
Cartas de Tarô e Orixás são arcanos, orbitam o mesmo universo e no que diz respeito aos seguidores dos cultos afro-brasileiros e Umbanda, se estudiosos do Tarô, é perfeitamente possível fazer pontes entre uma coisa e outra, mas veja que o Tarô é um oráculo, um instrumento para a comunicação com o mais profundo de nós, já os cultos e religiões são sistemas de tradições com objetivos mais amplos onde os instrumentos somos nós.
Na psique humana todas as relações são possíveis, tudo se dá com tudo, se penso na carta da Justiça vem a mim a lembrança: Xangô, mas para você pode ser outro Orixá, o que importa é que isso funcione para você e aquilo para mim e a possibilidade do estudo isento, de mentes abertas a novas conexões que propõem fóruns como este.
Ser douto nestes campos pode significar pouca sabedoria e muita arrogância, peço um pouco de comedimento e reflexão.